segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Importância da Proatividade

Lamentavelmente, em 15 de janeiro de 2011, enquanto esta matéria é produzida, o povo brasileiro presencia, estarrecido, os efeitos catastróficos das chuvas torrenciais nas cidades serranas do estado do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, da megalópole São Paulo e cidades circunvizinhas... Os “âncoras” dos jornais televisivos, em suas críticas bem fundamentadas, argumentam sobre causas e efeitos... Mas a informação que mais nos provoca indignação é a de que foram dotados recursos orçamentários nas contas de órgãos regimentalmente responsáveis pelas ações preventivas (tendo em vista que o fenômeno meteorológico é sazonal) e disponibilizados recursos financeiros para cobrir projetos de viabilização da política nacional de defesa civil (para conhecê-la visite o site http://www.defesacivil.gov.br/). Todavia, o desinteresse, a inépcia e a inaptidão dos mandatários governamentais, impediram que as medidas preventivas requeridas fossem levadas a efeito em tempo hábil. Famílias perderam os bens que representam o patrimônio acumulado por uma existência (ou por gerações) de muito trabalho e suor; e a perda realmente irreparável: são ceifadas centenas de vidas. É lastimável que os nossos líderes não sejam proativos.

A história se repete todos os anos: depois da catástrofe, as autoridades prometem liberar recursos financeiros emergenciais, sem os entraves burocráticos de praxe, para socorrer pessoas desabrigadas, sedentas e famintas... As reações positivas procedem das comunidades (socorristas civis e militares, profissionais de saúde, heróis anônimos) e das associações filantrópicas que se apressam em recolher e encaminhar donativos materiais e financeiros aos desafortunados. O “âncora” experimentado de um canal de televisão de alcance internacional diz: “Nas cidades brasileiras, depois da tempestade vem a inundação; depois da inundação, vem as epidemias. As cidades são desprovidas de saneamento básico, pois as tubulações e canos enterrados não ficam às vistas dos eleitores...”.

Em seguida, no calendário brasileiro de festividades populares, virá o carnaval, como se fora uma panaceia para tanto sofrimento, mas o cataclismo ficará na lembrança dos sobreviventes. Tudo termina com “as águas de março”(?). “É pau, é pedra, é o fim do caminho / É um resto de toco, é um pouco sozinho / ... É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol / ... É madeira de vento, tombo da ribanceira. ... É o projeto da casa, / é o corpo na cama / É o carro enguiçado, / é a lama, é a lama”. Tom Jobim (1972). Como será o próximo verão?

É tempo de aprender com tantos erros e padecimentos, de não se acomodar, de planejar o próximo verão, de ser proativo. Convoquem os nossos mais proeminentes profissionais e estudiosos em planejamento estratégico, engenharia civil, hidrologia, climatologia, meteorologia, geologia, geografia, defesa civil e áreas congêneres, constituam equipes proativas de trabalho, garantam o provimento de recursos (que existem!), tomem medidas preventivas e não permitam que sejamos surpreendidos pelos efeitos devastadores das intempéries. Se for necessário adotar atitudes impopulares, como as de não permitir a ocupação irregular e a construção de habitações nas áreas de riscos (encostas das serras, aterros sobre lixões, margens de rios e córregos); e/ou remover famílias residentes nesses locais, tenham a coragem e a hombridade de assumir tal postura. As gerações do futuro certamente ficarão agradecidas aos governantes que forem proativos no presente.

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